Este texto tem o intuito de auxiliar os alunos no processo de estudo, em especial, o estudo pela leitura trabalhada.
Existem também outras técnicas valiosas trazidas na neurociência que auxiliam os alunos a trabalharem a memória, ansiedade, nervosismo e outras questões. Para saber mais pergunte ao professor Sergio Enrique sobre os cursos!
ESTUDO PELA LEITURA
TRABALHADA
1- A
IMPORTÂNCIA DA LEITURA
Não basta ir às aulas para garantir pleno êxito nos
estudos. É preciso ler e, principalmente, ler bem. Quem não sabe ler não saberá
resumir, não saberá tomar apontamentos e, finalmente, não saberá estudar. Ler
bem é o ponto fundamental para os que quiserem ampliar e desenvolver as
orientações e aberturas das aulas. É muito importante participar das aulas; elas
não circunscrevem, não limitam; ao contrário, abrem horizontes para as grandes
caminhadas do aluno que leva a sério seus estudos e quer atingir resultados
plenos de seus cursos. Aliás, quase todas as cadeiras desenvolvem programas de
pesquisa bibliográfica para que o aluno desenvolva temas e reconstrua ativamente
o que outros já construíram. Para elaborar trabalhos de pesquisa, é necessário
ir às fontes, aos autores, aos livros; é preciso ler, ler muito e,
principalmente, ler bem.
Durante as primeiras aulas de qualquer disciplina, os
mestres apresentam criteriosa bibliografia; alguns livros são básicos, ou de
leitura obrigatória, para quem quer colher todo fruto das aulas; outros são mais
especializados ou se concentram em algum item do programa, e pode, entre os
tratados gerais de consulta obrigatória, ser indicado um, como livro de texto. A
indicação do livro de texto tem vantagens e inconvenientes cuja análise
ultrapassaria os limites que este compêndio impõe. Diremos, apenas, que o livro
de texto é muito bom para a preparação da aula, mas que o aluno não pode ater-se
exclusivamente a ele. "Timeo hominem unius libri", diziam os antigos.
Devemos temer o homem de um livro só. É necessário abeberar-se de outras fontes
mais amplas, mais especializadas sobre cada tema ou sobre cada pormenor dos
programas.
Se não é possível pensar em fazer um bom curso sem
descobrir ou fazer aparecer espaços de tempo para o estudo extra-aula e se é
necessário programar criteriosamente a utilização desse tempo, não seria
igualmente impossível pensar em fazer um bom curso sem ter à mão boas fontes de
leitura? É possível que se pretenda fazer um curso universitário sem freqüentar
bibliotecas ou sem adquirir, ao menos, os livros básicos para cada
programa?
A leitura amplia e integra os conhecimentos, desonerando
a memória, abrindo cada vez mais os horizontes do saber, enriquecendo o
vocabulário e a facilidade de comunicação, disciplinando a mente e alargando a
consciência pelo contato com formas e ângulos diferentes sob os quais o mesmo
problema pode ser considerado. Quem lê constrói sua própria ciência; quem não lê
memoriza elementos de um todo que não se atingiu. E, ao terminar um curso
superior, deveríamos não só estar capacitados a repetir o que foi aprendido na
faculdade, como também estar habilitados a desenvolver, através de pesquisas,
temas nunca abordados em aula. Deveríamos ser uma pequena fonte, não um
pequeno depósito de conhecimentos, ou mero encanamento por onde as coisas apenas
passam.
É preciso ler, ler muito, ler bem.
É preciso sentir atração pelo saber, e encontrar onde buscá-lo. É necessário iniciar este trabalho com determinação e perseverar nele; o crescimento cultural tem crises como o crescimento físico; quem não sente apetite não deve deixar de alimentar-se; comprometeria sua saúde. Também na leitura trabalhada devemos ser perseverantes; só esta perseverança garantirá aquela espécie de saltos de integração de dados, que se vão acumulando e associando como frutos da leitura continuada.
2- COMO
SELECIONAR O QUE LER
O titulo do livro é a primeira informação que temos
sobre seu conteúdo, mas não deve figurar como critério de escolha para a
leitura. Devemos examinar sumariamente o livro cujo título nos interessa à
primeira vista; devemos ver o nome do autor, seu curriculum; devemos ler
sua "orelha", o índice da matéria, a documentação ou as citações ao pé das
páginas, a bibliografia, assim como verificar a editora, a data, a edição e ler
rapidamente o prefácio. A convergência destes vários elementos ajuda a
selecionar o que ler. Ademais, podemos consultar professores da respectiva área.
Todo estudante deveria interessar-se pela formação de
uma pequena biblioteca de obras selecionadas; os livros são suas ferramentas de
trabalho. O primeiro passo é adquirir os livros citados pelos professores como
indispensáveis ou fundamentais; em seguida as obras mais amplas e mais
especializadas dentro da área profissional ou do interesse particular de cada
um.
3-
VELOCIDADE E EFICIÊNCIA DA LEITURA
Alguns lêem tão devagar que, ao final de um parágrafo,
já tiveram tempo para esquecer seu início, e voltam para revê-lo. Estes retornos
representam nova forma de perda de tempo que se soma à lentidão da leitura, com
enorme prejuízo. Quem assim procede não encontra tempo para ler, pois não há
tempo que chegue e, desta forma, instala-se um verdadeiro círculo
vicioso.
Normalmente, a leitura veloz não prejudica a eficiência
ou a compreensão. Quem lê bem e depressa encontra tempo para ler e faz seu tempo
render. Não existe uma velocidade-padrão de leitura; a maior ou a menor
velocidade depende do gênero do próprio texto, bem como das peculiaridades do
leitor. Não se lêem com a mesma velocidade textos de gênero diferente, como, por
exemplo, um romance e um manual de biologia. Por outro lado, cada um deve
atingir sua velocidade ideal, mas é certo que sempre é possível aumentar a
velocidade sem prejuízo da compreensão.
Não pretendemos apresentar um curso de leitura veloz,
mas oferecer uma seqüência de normas e de considerações que levarão normalmente
a um aumento de velocidade e de eficiência na leitura cultural, isto é, um curso
que aumentará o rendimento do esforço pessoal no estudo, através da leitura. Em
nosso caso, da leitura eficiente decorrem a captação, a retenção e a integração
de conhecimentos contidos no manancial dos textos lidos.
4-
COMODIDADE E HIGIENE NA LEITURA
O ambiente material de leitura deve reunir umas tantas
condições que a favoreçam. É preferível ler em ambiente amplo, arejado, bem
iluminado e silencioso; se a luz for artificial, deve ser difusa, e seu foco
deve estar à esquerda de quem lê. É preferível ler sentado a ler em pé ou
deitado. Além do texto a ser lido, é importante ter à mão um bom dicionário,
lápis e um bloco de papel. É de suma importância, também, o clima de silêncio
interior, de concentração naquilo que se vai fazer.
Tudo o que resumimos acima está amplamente desenvolvido
provado e justificado nos tratados de pedagogia e de didática. Não duvidamos de
sua importância, mas quem não dispuser do ambiente ideal de leitura deve
aprender a ler com boa velocidade e eficiência num banco de jardim, numa sala de
espera ou numa fila de ônibus. Cada um constrói sua casa com as pedras que tem.
Não se julgue impossibilitado de ler aquele que não
puder fazê-lo em ambiente de condições ideais, mas é importante conhecer estas
condições e procurar criá-las ou desfrutar delas tanto quanto
possível.
5-
DEFINIÇÃO DE PROPÓSITOS
Alguém pode ler só para passar o tempo, para não manter
conversação com o cidadão estranho que se sentou a seu lado no mesmo vagão, ou
para dar ares de intelectual; estas são maneiras de dar alguma finalidade à
leitura. Mas não é dessa finalidade ou propósito que estamos falando.
A finalidade básica da leitura cultural é a procura, a
captação, a crítica, a retenção e a integração de conhecimentos, e isto se faz,
em primeiro lugar, pela procura das idéias mestras, das idéias principais,
também chamadas idéias diretrizes. Cada texto, cada seção, cada capítulo e,
mesmo, cada parágrafo tem uma idéia principal, uma palavra-chave, um conceito
fundamental. “... é essencial que o estudante se preocupe em descobrir qual é
essa idéia diretriz, fio condutor do pensamento do mestre ou expositor",
escreve Emilio Mira y López, em seu Como estudar e como aprender, e continuar
"Assim, pois, como cada fábula tem sua 'moral', isto é, a sua essência
significativa, cada série de pensamentos possui uma idéia diretriz ou conceito
fundamental. Descobri-lo, quando não está em negrito, é conquistar um dos
fatores essenciais de toda aprendizagem cultural".
Em cada parágrafo, pois, o leitor deve captar a idéia
principal; deve concentrar-se em sua procura. O mau leitor, ou seja, o leitor
lento e ineficiente, lê palavras, ou melhor dizendo, lê palavra por palavra,
como se todas tivessem igual valor ; o bom leitor lê unidades de pensamento, lê
idéias e as hierarquiza enquanto lê, de maneira a encontrar a idéia mestra ou a
palavra-chave. Quem lê idéias é mais veloz na leitura e capta melhor o que lê.
Mas isto è fruto de treinamento, de exercícios. "Se vocês, amigos leitores,
dedicassem uma hora por dia à tarefa de descobrir, concretizar e formular as
idéias diretrizes de alguns parágrafos de diversos textos, exercitar-se-iam em
uma técnica de abstração e de síntese que lhes permitiria tirar o máximo
proveito de qualquer tipo de leitura ou estudo ulterior.
Nossa experiência de mais de vinte anos de magistério,
bem como de mais de trinta anos de continuados estudos confirmam as palavras de
Mira y López e da generalidade dos autores que versaram sobre o assunto. Por
ocasião da última abordagem do presente assunto em classe, uma aluna tomou a
palavra para prestar interessante depoimento: "Estou cursando esta cadeira de
Metodologia com calouros, mas já estou no último semestre do curso de Estudos
Sociais. Sou transferida de outra faculdade, onde não existe a cadeira de
Metodologia. Confesso que estava chegando ao fim do curso sem saber ler. Percebo
que fui muito prejudicada. Mas... antes tarde do que nunca!"
Esse depoimento teve mais força persuasiva do que toda
nossa aula. E aquela classe passou a valorizar nossa cadeira, a estar mais
atenta às aulas e a aplicar-se com maior dedicação à leitura cultural para
trabalhos de pesquisa bibliográfica.
Quem não puder dedicar uma hora por dia ao trabalho de
encontrar as idéias principais de alguns parágrafos não se julgue dispensado
deste exercício; leia com este propósito seu livro de textos, suas apostilas e
toda a bibliografia consultada na elaboração de seus trabalhos de pesquisa.
Procure, após a leitura de algumas páginas, reformular as idéias mestras; leia
novamente a passagem para verificar se atingiu o propósito de toda leitura
cultural, que é captar, reter, integrar e evocar conhecimentos reformulados.
"Crie o hábito de encontrar a idéia principal em cada parágrafo que ler. Quando
julgar tê-lo feito, confira sua conclusão e mantenha a idéia em mente enquanto
continua a ler, e compare-a, especialmente, com a sentença-sumário. Se tiver
dúvidas a respeito de sua seleção, releia o parágrafo, desta vez olhando-o bem
para se certificar de que captou a idéia correta. Lembre-se, porém, de que nem
sempre pode encontrá-la numas poucas palavras dadas; talvez, tenha de
refraseá-la com palavras suas (uma boa prática, afinal de contas) para captá-la
com exatidão.
6- A IDEIA
MESTRA EM SUA CONSTELAÇÃO
Não existem capítulos, seções ou livros só com idéias
mestras; estas seriam encontradas nos índices, nos prefácios e nos sumários. Nem
é possível captar, hierarquizar, criticar, reter ou evocar idéias mestras
totalmente despojadas de pormenores importantes. A ideia principal aparece
sempre numa constelação de idéias que gravitam à sua volta; um argumento que a
justifique, um exemplo que a elucide, uma analogia que a torne verossímil e um
fato ao qual ela se aplique são elementos de sustentação da ideia
principal.
O bom leitor não lê só o essencial ; não lê apenas
resumos com o propósito insano de memorizá-los. O bom leitor produz seus
resumos, é verdade; e procura acompanhar a montagem, o encadeamento, a
articulação das idéias em amplos e profundos textos nos quais as idéias
principais são fundamenta das em bases sólidas, em demonstrações de validade
ponderável, em fatos de evidência comprovada, em documentos insofismáveis, ou
são aplicadas na solução de problemas ou na definição ou normalização da
conduta.
Quem alega, por ocasião de exames ou em conversações
rotineiras, que tem facilidade para responder a perguntas essenciais, mas não se
interessa por pormenores e "coisinhas" está confessando, embora não seja esta a
sua intenção, que não lê ou não sabe ler, que não estuda ou não sabe
estudar.
É importantíssimo discernir o principal e o secundário,
a ideia mestra e os pormenores mais importantes ou menos importantes. Memorizar
índices, enunciados, teses, ou postulados não exime ninguém da pecha de mau
leitor, de mau estudante ou de pseudo-selecionador de preciosidades. Quem
procede assim não tem razão para escusar-se; deve mudar de conduta e começar a
ler e a estudar com inteligência e sabedoria, isto é, com amor pelo
saber.
7-
SUBLINHAR COM INTELIGÊNCIA
Sublinhar é una arte que ajuda a colocar em destaque as
idéias mestras, as palavras-chave e os pormenores importantes. Quem sublinha com
inteligência está constantemente atento à leitura; descobre o principal em cada
parágrafo e o diferencia do acessório; este propósito o mantém concentrado e em
atitude de critica durante todo o tempo dedicado à leitura. Além desse efeito
benéfico, já durante a leitura, o hábito de sublinhar com inteligência favorece
o trabalho das revisões imediatas, bem como as revisões globalizadoras
posteriores.
Há leitores que ouviram falar na vantagem de sublinhar,
ou que tiveram colegas excelentes nos estudos, cujos livros estavam sempre
sublinhados inteligentemente; por isso resolveram sublinhar também. Mas esses
imitadores de coisas vão sublinhando logo na primeira leitura todas as palavras
que parecem mais importantes em determinado parágrafo, e seguem em frente como
se tudo estivesse perfeitamente localizado, hierarquizado, captado, entendido.
Sublinhar é una técnica que tem suas normas. Se essas
normas não forem observadas, o sublinhamento indiscriminado atrapalhará mais do
que ajudará, quer durante a leitura, quer por ocasião das revisões.
8- NORMAS
PARA SUBLINHAR
Aprenda e treine as normas para sublinhar no curso de Técnicas de Estudo e Preeparação para Provas do prof. Sergio Enrique.
9-
VOCABULÁRIO E LEITURA EFICIENTE
Muita gente lê mal porque não tem bom vocabulário e não
tem bom vocabulário porque lê mal, o que se torna um círculo vicioso que deve
converter-se em círculo virtuoso, para todo aquele que aspira atingir nível de
crescimento cultural.
O domínio cada vez mais amplo do vocabulário enriquece
nossa possibilidade de compreensão e concorre para aumentar a velocidade na
leitura.
Mas como aumentar nosso vocabulário? Decorando algum
dicionário? Quem o fez em seu tempo de estudante, em eras que não voltam mais,
confessa que o trabalho era penoso; entretanto, acaba agradecendo aos
professores exigentes de seu tempo. Mas o melhor recurso para aumentar o próprio
vocabulário é, sem dúvida, a leitura.
Como proceder ante uma palavra de sentido desconhecido,
ou que assume sentido novo em determinado contexto? Morgan e muitos outros
recomendam a imediata consulta aos dicionários: "A primeira coisa a fazer é
procurá-la num dicionário. " Por nossa parte, sugerimos que se experimente não
interromper a leitura ante um termo de sentido desconhecido ; não raro, a
seqüência do texto deixará bem claro o sentido da palavra desconhecida; anote,
pois, a palavra desconhecida em um papel avulso, e continue a ler. Ao final de
um capitulo, apanhe o dicionário para esclarecer todas as palavras anotadas como
desconhecidas e verifique o sentido que melhor se coaduna com o respectivo
contexto. Assim, durante a segunda leitura, em que se sublinham as idéias
principais e os pormenores importantes, todos os termos estarão claros e
incorporados a nosso vocabulário. Adote a sugestão da consulta imediata ou a
sugestão de não interromper a leitura cada vez que encontrar uma palavra
desconhecida. O fundamental é que não se deve perder a oportunidade de
enriquecer o próprio vocabulário pela preguiça da busca de palavras novas em
algum dicionário. Por certo, estaríamos prejudicando a compreensão do texto e
impedindo o próprio crescimento cultural. Que dicionários consultar? Não se
entende um estudante de nível superior que não tenha um bom dicionário comum da
língua materna. Mas há certas palavras que, embora incorporadas à linguagem
vulgar, conservam ou assumem sentido específico, definido pelas diversas
ciências, como a botânica, a biologia, a medicina, a filosofia, e assim por
diante. Outras palavras não constam nos dicionários comuns, mas tão-somente nos
dicionários de maior porte ou em dicionários técnicos das diversas áreas. O
estudante deve adquirir um bom dicionário dentro de sua área de especialização.
Entretanto, as faculdades mantêm bibliotecas ricas em fontes de consulta, com
grande variedade de dicionários e enciclopédias à disposição de seus alunos. Não
é preciso que cada um compre enciclopédias caríssimas para usar uma vez ou
outra; com- o dinheiro de uma enciclopédia de generalidades monta-se uma
preciosa estante com obras da própria especialidade, inclusive com dicionários
técnicos ; e isto parece ser mais útil.
10- USAR
MELHOR A VISTA
Durante a leitura, nossos olhos percorrem as linhas não
em movimento continuo, mas aos pulos, não lemos durante o movimento dos olhos,
mas nas suas rápidas paradas, que podem ser observadas com aparelhos adequados.
Nossos olhos podem fixar-se em uma sílaba, em uma palavra, ou em um grupo de
palavras, nessas paradas de reconhecimento dos estímulos gráficos. Quanto mais
amplo for este campo de parada ou de reconhecimento, mais veloz será a leitura;
e como essas paradas incidem em palavras principais, mais compreensível toma-se
o texto.
O bom leitor não lê palavra por palavra, muito menos
sílaba por sílaba; sua vista incide sobre grupos de palavras; a pausa de
reconhecimento deste grupo de palavras é curta. Mas, esta habilidade é fruto de
exercícios e da prática da leitura.
Sugerimos que se façam exercícios de leitura, procurando
fixar em cada grupo de palavras as sílabas iniciais, como se o texto estivesse
escrito com abreviaturas.
11- LER E
LEVANTAR ESQUEMAS E RESUMOS
Para acentuar os propósitos da leitura, para melhor
captar, discernir, assimilar, gravar e facilitar a evocação futura dos conteúdos
da leitura, nada melhor do que procurar reproduzir ou refrasear aquilo que
lemos: "Se você resolver anotar brevemente o que o autor diz, não pode evitar
que o que ele diz se torne parte do seu próprio processo mental."
Quem lê bem, de lápis na mão, à procura das idéias
diretrizes e dos pormenores importantes, já preparou caminho para o levantamento
do esquema seguido pelo autor, bem como para a elaboração do resumo daquilo que
leu. Quem faz leitura trabalhada exercita-se na habilidade de discernir o
principal e o acessório, e deixa assinalado, durante a leitura, tudo o que
poderia fornecer elementos para o levantamento do esquema, para a elaboração do
resumo ou para transcrições em fichas de documentação pessoal. Ao contrário,
quem não lê com discernimento, ou quem não sublinha com inteligência, fará
resumos falhas, sínteses mutiladas que mais atrapalharão nos estudos e
confundirão nas revisões do que ajudarão.
11. 1
Natureza, função e regras do esquema
Para aprender como fazer e treinar a construção dos esquemas participe do curso de Técnicas de Estudos e Preparação para provas do prof. Sergio Enrique Faria.
11.2
Natureza, função e regras do resumo
Para aprender como fazer e treinar a construção dos resumos participe do curso de Técnicas de Estudos e Preparação para provas do prof. Sergio Enrique Faria.
12- COM O
TEXTO DIANTE DOS OLHOS
Se entendermos, ao término de nossas considerações sobre
o estudo através da leitura trabalhada, a importância desse recurso, no processo
de crescimento cultural, a que devem necessariamente aspirar todos os que
ultrapassaram o vestíbulo de uma faculdade, para devotar-se à conquista da
formação superior; se nos convencermos da necessidade de partir, como propósito
básico, em qualquer leitura cultural, à procura da idéia mestra e dos pormenores
importantes que serão sublinhados, discutidos, analisados, assimilados,
reduzidos a esquemas e resumos, numa atividade de excelentes resultados
práticos; se compreendermos que é assim que nos preparamos para os exames e para
as responsabilidades profissionais de amanhã; se isso acontecer aos nossos
leitores como acontece a nossos alunos em classe, no primeiro mês de aula,
estamos atingindo nosso objetivo.
Entretanto, é necessário pôr em prática aquilo que se
aceitou como importante e eficaz na vida de estudos. Pode haver dificuldades
numa primeira tentativa de leitura trabalhada, mas é necessário iniciar e
perseverar nesta prática. Em breve, sentiremos concretamente seus efeitos
benéficos. E todo nosso curso e todas as nossas leituras beneficiar-se-ão dessa
maneira correta de trabalhar sobre um texto.
Tome seu texto, seja ele qual for; sente-se, acomode-se
à mesa, com um dicionário e um bloco para apontamentos ao lado. Concentre-se,
suavemente, no trabalho que vai iniciar, certo de que não é hora de se distrair
com problemas alheios ao propósito de ler com aplicação e inteligência. Numa
espécie de fase inicial de aquecimento e concentração, comece lendo o título do
assunto, os subtítulos, o sumário, se houver; só então inicie a primeira leitura
geral com a atenção sempre voltada para as idéias mestras e para os pormenores
importantes; caminhe decididamente; se encontrar termos desconhecidos, anote-os
em papel avulso; não perca de vista os titulas e os subtítulos; descubra e
acompanhe a trajetória percorrida pelo autor; assinale a lápis, à margem do
texto, o que lhe parecer digno de ulteriores considerações; mas não se detenha,
caminhe até o fim com velocidade compatível com a compreensão do texto. Ao
chegar ao rim, procure esclarecer o sentido das palavras desconhecidas que
anotou durante a leitura. Essa sessão de estudos não deve ultrapassar vinte
minutos ou meia hora; programe, pois, previamente, o ponto a que deve chegar,
que pode ser um subtítulo do texto; neste caso, continue sua leitura até ao
final do capítulo ou do texto em apreço.
Recomece a segunda leitura procurando no texto respostas
às questões que o autor se propôs analisar ou que você mesmo formulou após a
primeira leitura; atenda, agora, aos sinais que foi fazendo à margem do texto
durante a primeira leitura. Detenha-se em cada parágrafo; sublinhe as idéias
principais e os pormenores importantes; examine a coerência, a estrutura lógica
do texto ; pondere a natureza e a força dos argumentos, a validade dos exemplos
e a perfeição das divisões; questione, compare, critique ; faça breves anotações
à margem do texto; assinale pontos obscuros para debater com colegas ou
professores. Vá associando novas conquistas a seus conhecimentos anteriores,
integrando-as, enriquecendo-as com algo de seu, ao mesmo tempo em que se
enriquece com elas, pois o crescimento cultural não se realiza por agregação ou
superposição de camadas de conhecimentos, mas por gestação de concepções, como
diria Sócrates. Crescimento cultural é processo vital de captação, análise,
reconstituição ou síntese, assimilação ou integração unificada e unificante das
partes ou elementos em um todo maior.
Não alegue que este trabalho supõe um cabedal de
conhecimentos; isto é ou pode ser verdade; entretanto, é preciso começar para ir
adquirindo cabedal sempre maior de conhecimentos; é ele que, em grande parte, é
fruto da leitura trabalhada.
A segunda leitura é mais trabalhosa, mas oferece em
troca excelentes gratificações. Ela disciplina nossa razão, desenvolve o senso
crítico, alimenta o espírito científico, promove o nosso real desenvolvimento à
semelhança da digestão sempre mais lenta e mais proveitosa que a ingestão. Ao
término dessa segunda leitura, está aplainado o caminho para qualquer espécie de
esquematização, resumo ou fichamento, que se queiram fazer. Dizemos "que se
queiram fazer", porque, como já dissemos, não precisamos elaborar esquemas,
resumos e fichamentos escritos de tudo o que lemos. Parece-nos um exagero de
teóricos as prescrições insistentes em sentido contrário. Mas, quando o texto é
muito longo ou difícil, ou mesmo elaborado sob forma de exercício, é bom
refraseá-lo através de resumos, conforme as normas acima citadas, Quem não é
capaz de resumir mentalmente ou oralmente um filme a que assistiu; uma peça de
teatro, um romance ou um texto, sem precisar tê-lo feito antes por
escrito?
Não basta ler uma, duas, ou até três vezes o mesmo
texto. É preciso parar para analisá-lo, criticá-lo, discuti-lo, questioná-lo,
anotá-lo, sublinhá-lo, retê-lo, refraseá-lo mentalmente e, quando necessário, em
resumos escritos; é preciso captar com discernimento, analisar, associar,
assimilar e reter com tenacidade, crescer através do desenvolvimento interno e
não por agregação ou amontoamento desordenado de informações superficiais e
assistemáticas. A leitura cultural é um trabalho de garimpeiro; é um trabalho,
não um passatempo ocioso.
Muitos alunos confessaram francamente que não pensavam
ser a leitura tão importante. E declararam também que não sabiam ler.
Nosso objetivo neste item é simples e direto: mostrar
como se lê e mostrar que é fácil ler bem. Quem não sabe ler jamais amará a
leitura ou tirará dela o esperado beneficio. Quem aprendeu a ler confessa que
passou a gostar de ler e a tirar grandes vantagens do estudo através da leitura;
passou a encontrar tempo para ler e fazê-lo mais depressa e com melhor
compreensão.
·
Texto extraído das páginas 34 até 47, do livro:
RUIZ, J. A. Metodologia Científica:
guia para eficiência nos estudos. São Paulo: Atlas, 1996.
Técnicas de estudo |
Sergio Enrique Faria |
Sergio Enrique Faria |
Sergio Enrique Faria |
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui o seu comentário. Ele será analisado, aprovado e publicado.